O lugar em que temos razão

Do lugar em que temos razão
jamais crescerão
flores na primavera.
O lugar em que temos razão
está pisoteado e duro
como um pátio.

Mas dúvidas e amores
escavam o mundo
como uma toupeira, como a lavradura.
E um sussurro será ouvido no lugar
onde houve uma casa
que foi destruída.

Yehuda Amichai

FOME DE TI

e aí comparsas, espero que todos estejam bem.
é o seguinte: o prazo para enviar os contos findará na sexta da próxima semana, 04/06,
portanto, não se façam de rogados e enviem essas porras de contos. os caríssimos que já enviaram e não receberam confirmação, favor mandar novamente, neste vasto oceano digital acontece das mensagens não chegarem ao destino, ficam para sempre náufragos à deriva sem nunca serem lidas...

bem, vai mais um poeminha nesse clima de fome e satisfação dos desejos:

FOME DE TI

eu, canibal fascinado,
saboreei cada pedacinho
do pedaço de brigadeiro que tu me deu
imaginando entre meus dentes
uma parte do teu corpo.
na primeira invertida, não me fiz de rogado,
fui direto na sua bundinha de chocolate,
arranquei um naco de dentro, próximo à coxa.
na segunda, depois de beijar tua boca,
me satisfiz com um bifinho do
teu suculento lábio, beiço inferior.
daí por diante mordi
peito, braço, cangote, costelas,
teu pé... até restar somente um tiquinho.
aí, me perdoe a ousadia,
comi um pedacinho da tua alma.

CARTA LE-VI-ANA

Sonho, rodeando a lua, em órbita.
Levito, contigo.
Sono, que em tua presença, chega, calmo.
Em teus braços de acalentar Marias,
Deito, roço, grito, durmo.

Acalma-me! Consuma-me! Ama-me!

Roda do destino. A carta do presente.
O tarot quase me desespera.
Incerteza imperiosa no amor, uma lida?
E tu aqui, minha tese a comprovar.
E o agonizante querer mais, mais,...

Esqueça-me! Deixa-me! Vá! Se.

Ana Cristina de Moraes

Soneto à Anne Luize

Ó Bela de Afrodite – Anne Luize!
De entranhas assim mui desejante
Como me gusta a rosa molhante
A fascinar o Ser que assaz aprecie

Sua toda intensa e estonteante Poesia
Essas curvas sinuosas e mui exuberantes
Olhos esmeraldinos d’além pontes&fontes
Seus contornos, reentrâncias e geografia!

E essa sua pele de jambo ao viço e deslize
Todo esse belo corpo em êxtase nos traçados
Compõem sua sinfonia de simetrias – A. Luize!

A sua solicitude da pele ao sol flamada
Seus mamilos rosados e levemente eriçados
E essa vagina tão miúda, saborosa e delicada!

Dedham Califa

PINDAIBA Nº21 OU º Nº111

e aí comparsas,
só lembrando: a esfera foi posta novamente em movimento, os dados estão girando, já foi criada a onda e neste exato momento ela se propaga em sua direção... iniciamos os trabalhos para a terceira edição da nossa querida e malcheirosa revistinha.
nessa edição estaremos lançando como encarte a segunda edição do "pindaíba de bolso" somente com contos de sacanagem (terá o título de "CONTOS SUJINHOS", portanto, não esqueçam: enviem seus textículos até o final de maio. até duas laudas, espaço simples, tamanho 12, fonte times new roman.

outra coisita: vamos usar o blog da revista para nos manter informados sobre o andamento dos trabalhos letrísticos e barsísticos. rolando novas postagens.

andré, cláudio, manelis

DOIS POEMINHAS DE CABARÉ por andré dias

PREFERIA QUE O NOME DELA NÃO FOSSE SANDY

então ela foi logo falando:
não beijo na boca
não chupo sem camisinha
não dou a bundinha

adorei aquilo
e lhe dei 90 paus para
fuder comigo

mas antes perguntei:
posso pelo menos chupar os peitinhos?


ADORNO DE CABARÉ

ela estava sentada
sobre o balcão,
pernas cruzadas,
cabeça apoiada sobre o punho fechado
sob o queixo.

a princípio não tive certeza,
pensei que fosse um adorno
enfeitando o cabaré.

quando me aproximei
vi seus grandes olhos verdes
tristes, perdidos e petrificados

o balanço despreocupado
de seu diminuto pezinho
me guiou no transe
e cheguei até ela:

posso tocar?
só para me certificar se
é de verdade?

com uma leve mudança
de expressão ela consentiu.
toquei em seu pezinho
e na sua panturrilha de mármore leitoso
de vaca holandesa.

realmente se tratava de
uma linda rapariga.

mas naquela noite
preferi mesmo foi
uma feinha que me
serviu cerveja.

DOIS POEMINHAS DE CANOA QUEBRADA

LOUCA PUTA DE CANOA QUEBRADA

a velha canoa
babilônia que oscila suspensa
sobre finos fios
de vícios dourados
fome, desejo e volúpia

uma aranha cega
sobre uma renda de
incandescentes carreirinhas
do mais fajuto pó

pó por todos os cantos
pó por baixo da escada
cujo terceiro degrau
balança sob pés
descalços e embriagados

uma puta desfila
louca e magrela
e prefere dar para os gringos.



LINDA DAMA DOS PÉS SOFRIDOS

não me contive e falei:
adoraria poder cuidar dos seus pés...
ela sorriu
e me pareceu
em um lampejo
que seus olhos faiscaram.

nesse momento uma forte ventania
anunciando tempestade
nos surpreendeu.
virou cadeiras, derrubou copos e garrafas.

a linda dama,
entre pingos grossos e
trovoadas de chumbo,
como arraia cortada pela linha de vidro do pivete,
se precipitou voando
desengonçada com enormes asas de borboleta.

perdeu-se entre nuvens e correria.
desde então
nunca mais vi
seus belos pés sofridos.

PINDAÍBA Nº 21

e aí comparsas, parceiros e parceiras, saudações pindaibeiras
é com imensa satisfação que anuncio que a esfera foi novamente posta em movimento. começamos os serviços para lançar a nossa tão querida revistinha.
nessa edição virá junto, como suplemento, a segunda edição do "pindaíba de bolso", somente com contos eróticos, ou pornôs, como preferirem, o título será "CONTOS SUJINHOS", portanto, magote, enviem até o final deste mês suas porcas e deliciosas criações e vamos gozar juntos. Até duas laudas, espaço simples, fonte 12 times.

abraços

andré dias